Três de Espanha: Porto

Movimentos

Comparada a Pamplona, Porto apresentou-se mais cara. Só encontramos malas por cerca de 100 euros e não houve nenhum restaurante que oferecesse um vinho da casa por 7 euros. O vinho mais barato que encontramos em um restaurante foi de 14 euros. Nossas refeições em restaurantes ficavam em média uns 15 euros. Isso sem incluir o couvert. Colocam em sua mesa como uma espécie de cortesia da casa e, se você se deleita com aquele pãozinho regado a um azeite de primeira, pode separar 3 euros por pessoa para esse agrado.

Os preços das roupas, apesar de não tão baratos como em Pamplona, ficavam bem mais em conta do que no Brasil, e ninguém quis resistir a essa tentação.

No quesito educação os portugueses são nota 10. Outra coisa que nos impressionou é como as pessoas são fluentes em inglês, naturalmente. Do atendente do hotel, passando pelo garçom da cafeteria da esquina ao vendedor de calçados, todos mudam do inglês para o português com a maior naturalidade. Então me lembrei de uma amiga cujo filho de 5 anos estuda em Portugal (ela se mudou para a Terrinha há 10 anos) e que tem aulas de inglês em seu currículo. Parece que a diferença para o Brasil é que, aos 10 anos, ele já será fluente em inglês. Ano após ano, ele aprenderá mais do que o verbo TO BE.

Uma coisa muito engraçada que percebemos nos portugueses é como eles são obtusos. Vai aí uma diferença cultural. Eles não têm o nosso molejo, aquilo que chamamos de "jogo de cintura". O que é de uma determinada forma não pode ser alterado. Vivenciamos isso em um restaurante chiquérrimo próximo ao nosso hotel, no qual entramos por volta das 10 horas da noite. Escolhemos uma mesa ( o restaurante estava vazio, diga-se de passagem) e, quando íamos nos sentar, a garçonete perguntou se íamos jantar ou se íamos lanchar um sanduíche. Quando optamos pela segunda resposta, ela nos levou para uma mesa ao lado, porque ali não era área de lanche. Montou para nós uma mesa idêntica àquela em que íamos nos sentar. Quando a refeição chegou, na tentativa de ajudar, retirei os talheres do Amadíssimo, pois a mesa era muito pequena. Quando já ia colocar os talheres de volta ao lugar onde eles se encontravam, a garçonete se desorientou, dizendo "esses talheres são da senhora" e, antes que eu conseguisse abrir a boca para explicar que eles não eram meus, ela já foi pedindo que eu os colocasse na mesa e "não, esses são da senhora, esses são do senhor", como se a simples troca de um talher fosse atrapalhar toda a composição do prato e, quiçá, o gosto da refeição. O resultado não deu em outra coisa: passamos meia hora em um esforço hercúleo para controlar o riso. Foi necessário nos levantarmos da mesa e irmos ao banheiro para tentar nos controlar e não darmos um vexame no restaurante. E assim conseguimos perceber, por experiência própria, um pouco das diferenças entre brasileiros e portugueses.

Uma dica interessante para quem for a Porto é pegar o Bus Turístico yellow. Por 22 euros você faz um passeio para conhecer a cidade em pontos não tão acessíveis para quem está a pé, vai à deliciosa Vila Nova de Gaia, com seus calçadões à beira-rio e todo um clima de praia, com pessoas caminhando, bebendo nos bares e se divertindo. E, além dos passeios, ainda ganha uma prova na cave do delicioso vinho Graham's. Bem-vindos a Porto.